Fernando Maurício

A MEMÓRIA DO TEMPO
Por: José Fernandes Castro

Fernando Maurício foi, na opinião quase unânime de todos os aqueles que praticam o culto do fado, o fadista mais castiço e emblemático da última metade do século XX sendo considerado por muitos como o último estilista do fado.

Portador duma qualidade de voz ímpar, Maurício emprestou ao fado um brilhantismo interpretativo notável, ficando para sempre assinalado como tendo sido um dos expoentes máximos da chamada Canção Nacional

Fernando Maurício nasceu a 21.11.1933 na Rua do Capelão, no Bairro da Mouraria, vindo a falecer a 15.07.2003.

O seu desaparecimento criou *no fado* um vazio muito difícil de ocupar.

Apesar do aparecimento de excelentes vozes, nada aponta no sentido de que alguém venha a ocupar o trono daquele que foi considerando pela família fadista como sendo “O REI DO FADO*.

Transcrevo um poema de Conde Sobral onde se retrata, embora sucintamente, a origem de FERNANDO MAURÍCIO

Eu nasci na Mouraria 

Na rua do Capelão
Onde a Severa vivia 

Onde o Fado é tradição

Se o destino está marcado

E só por ele vivemos
O bairro onde nascemos

Também lhe anda ligado;
Não me sinto mal fadado

Nem maldigo a condição
Que desde o berço é razão

Desta minha nostalgia
Eu nasci na Mouraria 

Na rua do Capelão

Por ser assim fatalista 

Fiz da minha alma escrava
Da saudade que pairava

Nesse bairro tão fadista;
E não consinto que exista 

Quem ponha mais devoção
Mais alma, mais coração 

Ao cantar a Mouraria
Onde a Severa vivia 

Onde o Fado é tradição

Por tudo o que de bom deu ao fado, pelo estilo que criou, pela magia que espalhou, pelos poetas que cantou, pelos poemas que consagrou e pela forma como nos encantou: o rei não nos deixou!

FERNANDO MAURÍCIO será IMORTAL