Acrósticos de JFCastro e TTSilva

VIVÊNCIAS FADISTAS

Texto de José Fernandes Castro

Venho dum tempo em que *as fadistices* se iniciavam ao início 

da tarde e só terminavam quando a aurora rompia.

Vivo num tempo em que *as fadistices* terminam ao fim da tarde

precisamente na hora em que o silêncio acende as almas.

 

Venho dum tempo em que sentíamos o sopro da saudade na 

noite que nos abria as portas ao sentimento.

Vivo num tempo em que sentimos saudade da noite e dos 

caprichos poéticos inspiradores que ela tem.

Venho dum tempo em que as "Casas de Fado" eram autênticas 

escolas onde (em tertúlia) se aprendia a verdadeira essência 

deste género musical tão português e tão nosso.

Vivo num tempo em que nas "Casas de Fado" quase não sobra tempo 

para tertúlias nem para ensinamentos e partilha de conhecimentos

Venho dum tempo em que as/os fadistas consagradas/os (que tinham

a missão de transmitir ensinamentos e vivências) eram atração 

e presença constante nos elencos das Casas de Fado.

Vivo num tempo em que os fadistas mais velhos só estão  nas "Casas" 

quando (movidos pela alma) se deslocam quase em modo peregrinação.

Tendo em linha de conta que o Fado é feito das mais diversas passagens 

de testemunhos orais, pergunto:

De que forma os jovens artistas poderão adquirir conhecimentos 

para juntar ao talento? 

Como será o futuro? 

URGE REPENSAR O PRESENTE PARA ACAUTELAR O FUTURO !!!